05/07/2014

Como se Apaixonar em 40 Dias - 14º Capítulo


Eu sabia que o acordo era uma loucura, mas não me arrependia. Joseph estava certo. Eu tinha ficado assustada ao perceber que nós tínhamos mais do que sexo e amizade. Valentina fez questão de alimentar isso, o senhor idoso que sempre fica perto da empresa fez questão de me fazer ficar com dúvidas disso e Joseph fez questão de confirmar no shopping.
A verdade é que é super normal para uma mulher ficar receosa de um novo relacionamento depois de terminar algo tão duradouro. Eu não encarava dessa forma, mas é verdade. Apesar de ter superado fácil, Travis fez besteira e me deixou com sequelas. Eu não quero que aconteça aquilo de novo. Não quero ser usada nem enganada. É muito mau para a auto-estima, mas mais que isso, trata-se de respeito próprio. Eu sempre soube o que queria e sempre lutei para conseguir e agora Joseph virava a minha vida de pernas pra baixo.
Ahh, mas como ele era gostoso! Eu não posso dizer que é mentira e que não sinto um puta tesão por ele. Quer dizer, aquele tanquinho realmente faz uma mulher suspirar e aqueles olhos sabem desarmar quando querem. Ter feito este acordo foi a melhor ideia que ele podia ter tido. Ou a pior. Eu sei que vou ser “usada” por ele, mas eu estou usando-o também. Acho que isso torna a situação justa para ambos!
— Demi, é hoje o jantar de aniversário? — Perguntou Joseph lavando os pratos do almoço. Eu estava sentada comendo uma maçã enquanto ele fazia o serviço sem camisa. Oh tentação! — Demi!
— O quê? — Perguntei saltando. Percebi o sorriso malicioso que ele me lançava e corei envergonhada por ele me ter flagrado com os olhos na carne do pecado.
— Eu estava perguntando se o jantar de aniversário da sua amiga é hoje. — Repetiu com vontade de rir.
— É sim. — Respondi baixo. Terminei a maçã enquanto o ouvia rir e fiz uma careta. — Você acha piada né?
— Oh se acho. — Respondeu rindo. Cheguei perto dele e brinquei com a espuma que ele fazia na pia.
— Está rindo da minha cara então? — Perguntei vendo-o parar de rir.
Antes que ele pudesse protestar peguei num monte de espuma e esfreguei na cara dele, tentando apanhar a boca e tentando evitar os olhos. Sua expressão ficou incrédula e ele parou qualquer movimento que fazia antes. Comecei a rir ao vê-lo com espuma em metade do rosto e logo fiquei com medo do olhar assassino que ele me deu. Eu pensei em correr para as colinas, mas ele foi mais rápido e me pegou pelas pernas. Senti-me ser virada do avesso e logo ele caminhava para o jardim da frente.
Enquanto ele me transportava como se fosse um saco de batatas, bati em sua bunda e arranhei suas coxas por baixo dos calções que ele usava, mas de nada adiantava. Ele fazia cócegas em minhas pernas e eu gargalhava como se tivessem contado a melhor piada do mundo! Piada estava eu sendo para os meus vizinhos.
Quando achei que a situação desesperada exigia medidas desesperadas, Joseph largou-me deitada na relva e pegou na mangueira da garagem. Arregalei os olhos e olhei-o sem mover um músculo. ELE NÃO SE ATREVERIA! Tomei cuidado para nem sequer piscar, mas quando não aguentava mais, Joseph abriu a mangueira e me deu um senhor banho!
— JOSEPH JONAS! — Gritei batendo o dente. Não estava o dia mais quente para tomar banho ao ar livre.
— Ainda acha legal esfregar espuma na cara de gente alheia? Acha? — Perguntou rindo enquanto eu tentava levantar. Escorreguei, caí de bunda e doeu como a porra, mas isso não me parou. Levantei com tudo e saltei nas costas do desgraçado que tentava, inutilmente, continuar me molhando. Ele estava mais encharcado que eu e fiquei totalmente satisfeita. — Olha só o que você fez! — Reclamou quando cansámos. Estávamos sentados na grama do jardim e eu acabei por deitar encarando o céu.
— Que eu fiz? Mas é muita cara de pau mesmo! — Disse rindo. Ele gargalhou também e subiu em meu corpo. Ele prendeu seu olhar em mim, mas eu estava mais interessada em observar cada gota de água que escorria por seu peito. Era muito mais interessante.
— Sua vizinha é voyeur. — Disse do nada. Gargalhei e olhei o outro lado da estrada. A vizinha espreitava por entre as cortinas e eu ri mais um pouco.
— Acho que podemos dar mais show ainda. — Falei com segundas e terceiras intenções.
— Demetria Lovato querendo pegação em público? Sabe que pudemos ser acusados de atentado ao pudor? — Perguntou me fazendo rir. Empurrei-o para o meu lado e sentei sobre ele, prendendo suas mãos contra a grama húmida.
— Não valeria a pena? — Perguntei mordendo o lábio inferior.
— Os se valeria. — Murmurou descendo seus olhos para meu peito. Segui o olhar dele e arregalei os olhos. Eu não tinha sutiã e a regata branca estava tudo menos branca. — Com certeza valeria. — Disse por fim me olhando maliciosamente. Tapei o peito com os braços de forma envergonhada e corri para dentro de casa enquanto ouvia a gargalhada de Joseph atrás de mim. Passado dois minutos ele já me lançava na cama.

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— Demi está pronta? — Ouvi Joseph perguntar da sala. Peguei minha bolsa de mão preta envernizada, peguei os sapatos pretos de salto (clássico puro) e corri para ele.
— Fecha o vestido por mim, por favor? — Pedi enquanto calçava os sapatos e tentava não cair. Ajeitei uma mecha do cabelo solto que tapou minha visão e senti um beijo carinhoso em minha nuca. Virei-me de frente pra ele e sorri segurando-o pela jaqueta de couro preta. Como estava sexy! — O que foi? — Perguntei depois de notar o olhar dele sobre mim. — Algo errado?
— Você está perfeita. — Respondeu me segurando pela cintura. — Esse vestido foi desenhado para você, mas esse batom vermelho só me dá vontade de te arrastar para o quarto e não sair de lá nos próximos anos. — Respondeu me beijando levemente. Sorri com o elogio tarado que ele me deu e limpei um pouco do batom que tinha ficado em seus lábios.
— A ideia é tentadora, mas é o aniversário de uma das minhas melhores amigas. É meu dever estar presente. — Respondi vendo-o fazer beiço. Beijei seu rosto tendo a certeza que o batom não marcaria e aproximei-me de seu ouvido. — Podemos deixar a festa particular para mais tarde.
Sem permitir que ele respondesse, puxei-o pela mão e arrastei-o para fora de casa. Ele insistiu em conduzir, o que deveras me surpreendeu, e logo entrámos pelo restaurante selecionado por Valentina. Fiquei surpresa ao ver que teríamos uma sala reservada só para nós oito. E sim, é isso mesmo. Oito. Todo o mundo estava de parzinho. Valentina na companhia de Brandon, eu com Joseph, Milah com Diego e Savannah finalmente ia apresentar o seu tão secreto par.
— Eu estou muito ansiosa! — Falou Valentina batendo palminhas enquanto eu cumprimentava Brandon. Ele, não mais que Joseph, estava lindo.
— Consigo ver isso. — Falei rindo. Ela fez uma careta pra mim, mas logo jogou o cabelo esvoaçante na cara de Brandon e se agarrou a mim toda suspeita.
— Eu não esqueci o presente dela. Está naquela mesa do fundo. Junto aos casacos e às malas. Eu adicionei mais uma lembrancinha. — Conspirou enquanto piscava pra mim. Joseph falava algum assunto masculino com Brandon e estava totalmente alheio ao tema da nossa conversa.
— Que lembracinha? — Perguntei cheia de medo. Valentina era perigosa!
— Surpresa. Ahh. — Suspirou. — É hoje que eu pego o Brandon no banheiro.
— Valentina! — Repreendi. — Você não está pensando no que eu estou pensando.
— O quê? Banheiros públicos são ótimos para fazer sexo. Vai dizer que nunca experimentou? — Perguntou com descrença. Não respondi e logo a boca dela fez um "O". — Não acredito! — Exclamou exageradamente.
— No que não acredita? — Perguntou Savannah chegando perto da gente. Eu nem tinha a visto entrar no salão.
— Demi nunca fez sexo num sítio público!
— Sério? — Perguntou Savannah sem acreditar. Como assim?
— Você já fez? — Perguntei assustada.
— Já fez o quê? — Perguntou Brandon.
— Sexo em público. — Respondeu Valentina com um sorriso malicioso. Brandon aproximou-se dela e acariciou o seu quadril disfarçadamente. Valentina mordeu o lábio e eu revirei os olhos.
— Eu estou aqui povo. — Chamei a atenção enquanto Joseph me abraçava pela cintura. — Nem toda a gente tem a necessidade de ser pega fazendo sexo em público.
— Hum, na verdade, meio que tem. — Respondeu Joseph baixinho no meu ouvido.
— Como assim? — Perguntei incrédula. Qual é!
— A adrenalina, você sabe, ajuda. — Falou me deixando surpresa.
— Sério?
— Claro. O segredo está no medo de ser flagrada. Anima muito mais as coisas. — Falou Valentina sem vergonha na cara.
— Você já fez? — Perguntei a Joseph.
— Hum, talvez. — Respondeu sem dar muito interesse ao assunto.
— Quando você fez sexo em público? Não me contou! — Reclamou Valentina para Savannah. Vi-a corar envergonhada e soube que ali não vinha coisa boa.
— Lembra aquele festival de musica há dois anos? — Perguntou.
— Claro. Foi um dos melhores Verões das nossas vidas. — Respondeu Valentina com naturalidade.
— Bem, num dos concertos, eu meio que... Eu estava de rolo com o Gus! Ele me desafiava. — Defendeu-se.
— Quem é o Gus? — Perguntou o garoto, mais homem que garoto, que estava do lado dela. Só agora o notei e apreciei a vista. Savannah sempre sabia escolher sarados bronzeados. Ela preferia os australianos por um motivo que eu desconheço.
— Er, um garoto aí. — Falou sem dar importância.
— Ex-namorado?
— Não exatamente. — Respondeu Valentina se chegando perto dele. Vi-o arregalar os olhos com a aproximação brusca e vi o riso escondido de Savannah. — Me deixa explicar. Savannah é o ser humano mais puro que pode existir. Ela é contra a violência e totalmente a favor da paz, mas...
— Tem um “mas”? — Perguntou preocupado.
— Ela teve um rolo aí com o Gus. O nome dele é Gustavo, mas a gente apelidou de Gus. Ele me lembrava do rato da Cinderela sabe? Então, como eu ia dizendo, ela é a favor da paz, mas teve uma época em que ela ficou com muito mau gosto para escolher namorado. Nós fomos nesse festival de música e estávamos todas solteiras...
— Err, eu estava com Travis. — Lembrei sentindo que Joseph se tencionava. Segurei suas mãos sobre minha barriga e acariciei, fazendo-o relaxar. Valentina olhou-me e voltou a conversar com o moço.
— Como eu dizia todas estávamos solteiras e aí já sabe como é. Soltámos a franga!
— Isso deve ser uma coisa boa? — Perguntou assustado.
— Você é o pénis de ouro dela? — Perguntou de volta enquanto apontava para Savannah. Joseph e Brandon riram e eu sorri com pena da minha amiga que escondia o rosto com ambas as mãos. Eu não sabia se ela ria ou se chorava. — Então você é uma coisa boa. A propósito, eu sou Valentina Riviera. Prazer. — Apresentou com um sorriso perfeito enquanto o cumprimentava. O rapaz estendeu a mão completamente acanhado e sorriu.
— Valentina, você está assustando-o. Relaxa Cody. — Disse abraçando-o pela cintura. Ele sorriu e deu-lhe um selinho.
— Por falar em apresentações, este é Joseph. — Apresentei com um sorriso.
— O pénis de ouro dela. — Gargalhou Valentina.
— Deus, você só me faz passar vergonha. — Disse sentindo meu rosto esquentar. Joseph riu mais uma vez. — E você está adorando, não é desgraçado? — Perguntei dando um tapa nele. Joseph fez beiço e eu beijei-o brevemente.
— E este é Brandon. — Apresentou Valentina com um sorriso enorme na cara.
— Seu pénis de ouro? — Perguntou Savannah.
— Depois te digo. — Respondeu com uma piscadela. Foi impossível não rir.
Eu tinha medo. Valentina era o ser mais imprevisível que eu conhecia e não podia nem sequer imaginar como seria esse presente extra. Depois de Milah chegar e das apresentações e parabenizações terem sido feitas, começamos a comer o jantar preparado exclusivamente para a gente. Estava ótimo, mas é impossível apreciar uma boa comida quando você está jantando com Valentina.
— Quer dizer, aquilo era a coisa mais idiota que o garoto podia dizer. “Perdi a ereção, me deixa tentar de novo”. Sério? Mesmo? — Perguntou contando uma de suas melhores lembranças do tempo de faculdade. — Garotos são muito objetivos. — Reclamou bebericando no vinho tinto.
— O que esperava que ele fizesse? — Perguntou Brandon confuso.
— Eu esperava que ele realmente tentasse de novo, mas sem dizê-lo. Ele não pode ir com tudo apenas? Tem que verbalizar? Isso acaba com a vontade de uma mulher. De verdade! — Explicou. — Homens são muito enrolados às vezes. — Reclamou. Recebeu um “concordo” coletivo das fêmeas da mesa e rimos mais uma vez.

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